Só eles…

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Estudantes entregarão dossiê ao Ministério Público denunciando racismo na UFRGS

Originalmente publicado no Click RBS em 26/06/2007

O Diretório Central dos Estudantes da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) colheu uma série de
manifestações no site orkut e formulou um dossiê que será entregue ao
Ministério Público (MP) denunciado a postura racista de um grupo que
estaria agindo dentro da universidade. O estudante Lúcio Centeno afirma
que há um grupo dentro da UFRGS promovendo atos racistas.

Ontem, o muro de um bar na Avenida João Pessoa, em frente à
Faculdade de Direito da universidade foi pichado com a frase “Negro só
se for na Cozinha do R.U., cotas não!". No mesmo local, foi pintada uma
cruz suástica, símbolo do nazismo. Já na rua Sarmento Leite, uma
calçada foi pintada com a frase "Voltem para a Senzala".

O grupo que se opõe às cotas ouvido pela reportagem diz que o
movimento não tem relação com as manifestações racistas. Já o dono do
bar que teve o muro pichado lamenta o fato e afirma que a pichação teve
a clara intenção de atingir os estudantes e professores que freqüentam
as imediações da UFRGS.

As manifestações racistas deverão movimentar o debate e a votação
sobre a adoção de cotas raciais que ocorrerá na próxima sexta-feira no
Conselho Universitário. O racismo e o nazismo são crimes, segundo a
constituição federal, e podem gerar penas de até cinco anos de prisão.

A 10ª Delegacia de Polícia da capital está investigando o caso. A
polícia analisará relatos do Disque-Pichação e conversará com
integrantes do grupo que é contra as cotas. Mesmo assim, o delegado
Gerson Mello descarta um trabalho de investigação aprofundado.

A universidade informou, através da assessoria de imprensa, que não se manifestará sobre o caso.

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Pichações racistas nos arredores do campus central da UFRGS

Na última segunda-feira, dia 25, os arredores do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foram alvo de pichações racistas contrárias a implementação de políticas de ações afirmativas.
 
As pichações demonstraram a face mais cruel de setores
mobilizados contra as cotas na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul:
Em três pontos distintos, espaços externos à universidade podiam ser lidas frases de cunho racista contra a presença de negros na universidade.
 
Junto ao prédio da Engenharia, na junção das avenidas Osvaldo Aranha e Sarmento Leite, em letras grandes lia-se "Voltem para a senzala", logo abaixo a palavra "cotas" aparecia razurada.  Em um muro da avenida João Pessoa, outro ataque racista de militantes anti-cota: "Negro, só se for na cozinha do RU", junto a frase uma suástica. No muro junto a Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA) mais uma frase: "Macaco é no zoológico".
 
A estudante de Ciências Sociais Patrícia Pereira de 21 anos diz estar decepcionada e preocupada."É inacreditável que num lugar de pessoas estudadas aconteça coisas como essa. Apontar culpados é muito difícil, mas todos sabem que há grupos neonazistas dentro da UFRGS, acho que foram eles". Para ela as medidas contrárias a esse tipo de atitude devem ser pensadas a longo prazo, "Investindo na educação e conscientização das pessoas, as coisas certamente vão mudar".
 
Encarado como mais um indício da ação de grupos racistas de extrema direita existentes na Universidade Federal as pichações estão sendo investigadas pela polícia.
 
Há dois anos atrás a disseminação de idéias nazistas e racistas na Universidade Federal Rio Grande do Sul resultou em uma sindicância por parte da reitoria na qual o estudante de Ciências Atuariais Gabriel Marchesi Lopes foi investigado e considerado um dos principais propagadores dessas ideologias. Atualmente o estudante é um dos coordenadores do grupo anti-cotas raciais nesta mesma universidade.
 
Para ler a matéria publicada na Folha de São Paulo sobre o estudante nazista da UFRGS clique aqui.
 
 
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Prédio da UFRGS é pichado com dizeres racistas

Originalmente publicado no CliqueRBS em 25/06/2007.
 
Pichadores são contra a política de cotas étnicas na universidade

O prédio da Faculdade de Direito da
Universidade federal(SIC) do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi pichada(SIC) nesta
segunda-feira com dizeres racistas e contra as cotas étnicas na universidade, na Avenida João Pessoa. Uma delas dizia: “Negros só se
for na cuzinha (sic) do RU (restaurante universitário)”.

Na tarde desta segunda, o comitê pró-cotas reuniu-se com
conselheiros da universidade. Eles discutiram a implementação do
sistema, mas preferiram não opinar sobre as pichações. A decisão pelo
conselho de implantar ou não as cotas deverá ser tomada na próxima
sexta-feira.

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Criminosos racistas atacam africanos na Universidade de Brasília

 http://www.youtube.com/watch?v=eF_h62P698s

Publicado na Agência de notícias Afropress em 02/04/2007.

Brasília – As portas de três apartamentos do
Bloco B da Casa do Estu­dante Universitário (CEU) da Universidade de
Brasília, ocupados por estudantes africanos da Guiné Bissau, foram
incendiadas por grupos racis­tas por volta das 4h da madrugada desta
quarta-feira. A Polícia federal já tem os nomes de alguns suspeitos e
investiga o caso. A UnB tem cerca de 150 estudantes africanos como
alunos, de vários paises do Continente.


Durante a tarde, um ato
de protesto reuniu cerca de 300 estudantes, africanos e brasileiros, que
lotaram o auditório para exigir providên­cias do reitor Timothy
Mullholhand. “A universidade sofreu um aten­tado. Temos de enfrentar
essa questão e os nossos esforços serão no sentido de buscar a
convivência pacífica entre todos os alunos”, disse o reitor, admitindo
colocar câmeras para vigiar a Casa, que terá o reforço de seguranças.

Atentado

Os
moradores acordaram com o cheiro forte de fumaça, que tomou os
cor­redores e levou pânico. Na ação racista também foi empregada uma
bomba de fabricação caseira. Os criminosos tiveram ainda o cuidado de
esva­ziar os extintores de incêndio do primeiro e segundo andar para
impe­dir que o fogo fosse debelado. Todos os apartamentos, onde vivem
os estudantes africanos tiveram as portas marcadas com cruzes vermelhas.


“Eu
só levantei porque meu amigo alertou sobre a fumaça. Desesperados,
pulamos a janela e fomos procurar pelos extintores. Nenhum funcionava,
só um do terceiro andar”, contou o aluno do Curso de Administração de
Empresas, Samory de Souza, da Guiné Bissau, que divide o apartamento
106 com mais três amigos.

As estudantes senegalesas Racky Sy e Wolette Thiam, respectiva­mente dos cursos de Letras e
Arquitetura, contaram os momentos de pa­vor. “Sem dúvida nenhuma isso
foi motivado pelo racismo e pelo precon­ceito”, diz Racky, que mora com
a amiga no apartamento 105, que teve toda a porta consumida pelo fogo.
As duas alunas reclamaram da falta de segurança na Casa do Estudante.
“Aqui não tem segurança. De madru­gada você não acha ninguém e, quando
acha, estão dormindo profundamente”, diz Racky.

Rotina

Os
atos racistas contra os estudantes africanos têm ocorrido com
fre­qüência. No mês passado as paredes dos corredores foram pichadas
com frases ofensivas. Os alunos acusam a direção da UnB de tentar
contem­porizar. “Registramos a queixa na administração. Eles foram lá
quando não havia ninguém e pintaram as paredes. Eles nos disseram que a
ima­gem da instituição tinha que ser preservada e que problemas assim
ti­nham que ser resolvidos amigavelmente”, disse Wollet.


Numa outra
oportunidade, segundo ela, pessoas ligadas à administração disseram que
as queixas eram um exagero. “Eles disseram que estávamos exagerando e
que a gente morava aqui de favor. Um deles chegou a dizer que nada
garantia que os próprios alunos africanos não fossem os autores das
pichações”, desabafa.

Os moradores dos apartamentos que tiveram as
portas queimadas suspei­tam que os autores dos incêndios sejam
estudantes que moram no mesmo bloco. Eles informaram os nomes dos
suspeitos à Polícia Federal, que investiga o caso. Segundo o presidente
da Associação de Moradores da Casa do Estudante Universitário, Geraldo
Marques dos Santos Júnior, nunca tinha aconte­cido algo tão grave.
“Desta vez a ameaça de morte quase foi consumada. Em um dos
apartamentos, o botijão de gás fica do lado da porta. Podia ter
acontecido uma tragédia”, afirmou. Marques acrescentou que se tratou de
uma ação racista. “Chega. Foi o limite. Temos que combater o racismo e
o preconceito que existe dentro da UnB”, concluiu.

Providências

O
Ouvidor da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, Luiz Fernando Martins da Silva, acompanhou o caso durante todo
o dia. À tarde, esteve com o reitor da UnB, Timothy Mullholhand, e
re­cebeu os estudantes africanos na SEPPIR.

De lá seguiu com
eles para a Procuradoria Regional dos Direitos do Ci­dadão do
Ministério Público Federal e para o Núcleo de Enfrentamento da
Discriminação do Ministério Público do DF. Tanto na Procuradoria quanto
no NED foram instaurados inquéritos.

"Há uma comoção porque é um
problema muito grave. Não dá prá saber se é um ato isolado, se um ato
de grupo. Eles estão mais calmos porque estão acompanhando a ação do
Estado, concluiu.

O delegado Francisco Serra Azul, da Delegacia
de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico
(Delemaph), disse que já foram coletadas as impressões digitais no
local do crime.Também foi recolhido o material inflamável usado para
atear fogo às portas dos dormitórios e está sendo analisado pela
perícia.

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Por que não cotas?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Claudia
Fonseca (antropóloga, professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS, Núcleo de Antropologia e Cidadania)

 

"Brasil não é um país racista", ouvi na televisão ontem de um professor da UFRGS se manifestando contra cotas raciais. Que alívio, penso eu.
Então o fato de brancos no Brasil viverem na média seis
anos mais do que negros deve ser conseqüência de algum problema físico
desses "outros".

 

Brasil "não tem segregação racial", leio numa coluna de opinião contra as cotas. Que bom. Aquela
porção (quase o dobro dos brancos) que vive amontoada nos aglomerado
subnormais deve refletir um gosto cultural pela vida simples. "Não há prova estatística impedindo a ascensão social de negros", leio de outro autor escrevendo contra cotas. Que consolo pensar que aquele grande número de negros vivendo
abaixo da linha de pobreza ( 46.8% contra 22,4% dos brancos) deve ser
porque eles simplesmente não se esforçam mais! Quanto à universidade,
já que temos o vestibular para dar um atestado de neutralidade ao
sistema meritocrático, devemos reconhecer que a falta de estudantes
negros reflete não a discriminação racial, mas, sim, o quê? Uma inteligência inferior? Claro que não, pois esse seria um argumento racista. Não
há negros na universidade, os anti-cotistas explicam, simplesmente
porque esses postulantes ao vestibular têm menos anos de estudo do que
os brancos e em escolas de pior qualidade. Seguindo essa lógica, a solução não é encontrar
mecanismos para corrigir distorções e incluir esses historicamente
prejudicados indivíduos na educação superior. É esperar
que o sistema de educação fundamental melhore (ou se alguém está com
pressa, que mude de bairro e entre numa escola de qualidade!).

 

Perdoem
o tom irônico desse texto – mas fico pasma com esses argumentos pois,
ao meu ver, revelam uma lógica profundamente racista. Pergunto – se não existe racismo no Brasil, como explicamos que,
casualmente, os negros são os mais pobres, os mais doentes, os menos escolarizados da população? Se não é por causa da discriminação racial, deve ser por incompetência mesmo…. Quanto
à questão do "racismo institucional", podem me explicar por que a
porcentagem de negros no sistema prisional continua a bater todos os
recordes? Além do "mero" efeito da pobreza desproporcional
entre negros, pesquisadores como Sergio Adorno já demonstraram que,
diante de acusações semelhantes, o réu negro é preso e condenado com
muito mais freqüência do que seu cúmplice branco…

 

Aliás,
é difícil entender como os anti-cotistas podem se abraçar aos
argumentos sofistas de um jornalista, Ali Kamel, já amplamente
criticado por sua total incompreensão da estatística (ver Luis Nassif )
quando os estatísticos mais qualificados do pais, trabalhando no IBGE e
PNUD chegam a conclusões completamente opostas.

 

 

É
como se os anti-cotistas estivessem comprando integralmente a noção da
"democracia racial" – mito cunhado por Gilberto Freyre e já amplamente
criticado por cientistas sociais durante esses últimos trinta anos. Claro que não existe segregação racial ou racismo no Brasil – do ponto de vista dos brancos que já têm acesso às benesses do ensino superior. Esses
não têm preconceito contra "pessoas de cor", desde que elas aceitem se
conformar ao lugar delas indicado pelas regras "universais" de nossa
seleção. Será que algum jovem afro-brasileiro já mostrou
ressentimento pelo fato de que não encontra praticamente nunca um
médico ou dentista negro? De que, conforme o IBGE, o negro brasileiro, em 2000, ganha na média a metade do que ganhava o branco brasileiro
em 1980 (com valores corrigidos)? De que um colega branco tem mais de cem vezes as chances de entrar na universidade (obrigada André). Bem
– talvez haja um pouco de ressentimento – mas esse ressentimento não é
nada em relação ao ódio racial que os brancos vão sentir se imaginam
que algum negro está "burlando" o sistema (que sempre funcionou tão
bem!) e passando na frente da fila. É assim que devemos entender o argumento dos anti-cotistas?

 

Se a maioria desses argumentos soam absurdos, há alguns que expressam uma dúvida compreensível. Será que cotas na universidade pública vão servir para combater a discriminação racial e desigualdade social no Brasil? É evidente que, nessa sociedade complexa, não é
possível prever todas as variáveis que vão influenciar os resultados –
positivos e problemáticos – das cotas. É também evidente que uma política isolada não surtirá por si só grande efeito.
Por outro lado, a situação atual é intolerável para
qualquer cidadão consciente do grau de desigualdade (racial e social)
em nosso país.


existem mais de trinta instituições no país experimentando diferentes
formas de cotas e, ao que tudo indica, não ocorreu nenhum cataclismo.
Na
grande maioria de casos, as cotas não semearam conflitos raciais entre
os estudantes, não provocaram a perda de prestígio, nem a repentina
degringolada de qualidade do ensino superior. Em outras
palavras, a experiência com cotas – tal como a experiência com cotas
para mulheres, indígenas,"nordestinos", ou qualquer outra categoria — rende resultados diversos que valem a pena ser observados, analisados para reconhecer erros e ir aprimorando o sistema. Mas, para tanto, temos que ter a coragem de ensaiar novas políticas.
A luta contra o assustador status quo tem que começar em algum lugar. E onde melhor do que numa instituição que se preza por sua reflexão crítica e politicamente engajada?

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Ações Afirmativas na Educação: Relatos de uma trajetória

Vera Rodrigues – Professora da Universidade da Região da Campanha (URCAMP) e da Faculdade Monserrat, Mestre em Antropologia/UFRGS
 
No momento
em que, especialmente, a comunidade acadêmica discute a adoção de
cotas sociais e raciais na UFRGS, venho a público expor minha trajetória
profissional como fruto de um projeto coletivo alicerçado na perspectiva
das ações afirmativas. O meu lugar de fala é de alguém que vem se
construindo pessoal e profissionalmente, a partir dessa perspectiva.

Portanto,
dialogo no terreno da concretude dessas ações e seus efeitos para
a sociedade, esperando assim contribuir para um olhar que se projeta
para além do “negro” objeto do debate, mas como sujeito. Em 1995
ingressei no pré-vestibular comunitário Zumbi dos Palmares, o qual
se inseria em uma ótica de projeto alternativo de educação. Por essa
ótica, privilegiava-se a educação popular atenta para as desigualdades
sócio-raciais.

O curso
funcionava com professores voluntários, em espaços cedidos, dentre
eles uma sala na FACED – Faculdade de educação/UFRGS. Este foi meu
primeiro contato com esta universidade e, foi a partir daí que resolvi
adentrar o seleto grupo dos 2% de universitários negros brasileiros,
pois aprendi nas aulas de cultura e cidadania do ZPPV que o acesso a
educação constituía um direito primordial ao qual o segmento populacional
a que pertenço vem sendo excluído.

Pela primeira
vez, eu soube que no “Paraíso tropical” da igualdade e democracia
o acesso à educação havia sido construído, já no século XIX, com
uma lei complementar à Constituição de 1824 (Império) que proibia
os negros de freqüentar escolas equiparando-os aos doentes de moléstias
contagiosas – vigor até 1889 (início da República).

Em 1854,
o decreto 1.331A  instituía a obrigatoriedade da escola primária
para crianças maiores de 07 anos  e a gratuidade das escolas primárias
e secundárias da Corte, com exceção das crianças com moléstias
contagiosas e escravas. No Brasil do século XX a Lei no 5.465/68,
a qual vigorou até 1990 instituía cotas nas universidades públicas,
por meio da chamada “Lei do Boi”, que prescrevia: “Os cursos de
Agricultura e Veterinária, mantidos pela União, reservarão, anualmente,
de preferência, de 50% de suas vagas a candidatos agricultores ou filhos
destes, proprietários ou não de terras, que residam com suas famílias
na zona rural e 30% a agricultores ou filhos destes, proprietários
ou não de terras, que residam em cidades ou vilas que não possuam
estabelecimentos de ensino médio.” No Brasil do século XXI, as ações
afirmativas na educação, especialmente direcionada à população
negra e indígena, são questionadas quanto a sua legitimidade !!

Assim em
1999, tornei-me aluna do curso de graduação em ciências sociais na
UFRGS. Detalhe: Uma turma (curso noturno), em torno de 50 alunos(as),
sendo uma das 03 três únicas pessoas negras. Esta era nossa cota de
inclusão. Ao longo do curso, opto pela antropologia depois de ouvir
um professor dizer que ali estava o “outro” que ninguém ou poucos
queria trabalhar.

Acreditei
e me inseri na temática das relações raciais, sendo orientada pelo
único professor negro do curso, exemplo de outra cota de inclusão.
Em 2004 ingresso no mestrado de antropologia social. Agora, ainda que
ao lado de uma colega moçambicana, a cota percentual de inclusão se
mantém inalterada.  Em 2006, torno-me professora universitária
atuante e nos diferentes contextos observo que a cota perdura.

Atualmente,
me preparo para ingressar no doutorado com uma bolsa de um programa
internacional de ações afirmativas. Esta trajetória longe de constituir-se
pela lógica individualista de “alguém que se fez por si mesmo”,
entende que desafio de ser única instiga a contribuir para a mudança
desse quadro social. Por essa via, tornei-me pesquisadora e professora
compromissada com um conhecimento que não compreende a esfera acadêmica
institucional ou a atuação dos seus integrantes como isenta de responsabilidades
sócio-politicas. 
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Vocês querem estragar tudo!

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Ciclo de Palestras/Atos pelas Cotas no Campus do Vale

Acontece amanhã, terça-feira (26/06) mais um ciclo de palestras e atos relacionados às políticas de ações afirmativas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Contando com a presença de professores – da Pós-Graduação de Antropologia Social, Pós-Graduação em Ciência Política, em conjunto com docentes de outras áreas – favoráveis às políticas de cotas étnicas e raciais, e representantes do Movimento Negro.

As palestras têm como proposta central gerar um espaço de reflexão qualificada sobre a pertinência das cotas etnicas e raciais para a ampliação e construção de uma universidade que contemple diversidade de perspectivas existentes no Brasil.

As palestras acontecerão no prédio do IFCH, próximo à biblioteca de Humanidades, na sala Pantheon, à partir das 18:00.

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Fazê-lo trabalhar…

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