Por que apoiamos cotas raciais e sociais na UFRGS?

Nair Iracema Silveira dos Santos e Rosane Neves da Silva (Professoras do Instituto de Psicologia da UFRGS)
 
Apoiamos
o sistema de cotas, considerando o contexto e realidade da educação no
Brasil, os dados estatísticos sobre perfil de estudantes que ingressam
em nossa universidade e a história política e social do país,
especialmente no que diz respeito à inserção da população negra neste
contexto, que se expressa na profunda desigualdade social e exclusão
racial, assumida e reconhecida em vários fóruns nacionais e
internacionais. Na III reunião Mundial contra o Racismo, Discriminação
Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na
África do Sul, em agosto de 2001, o governo brasileiro reconheceu a
discriminação racial no país e assumiu compromisso de implantar ações
afirmativas.

As políticas de ingresso na universidade pública brasileira
têm priorizado a lógica meritocrática, justificando-se a necessidade
desta como forma de seleção já que “não há vagas para todos”. No
entanto, esta lógica se afirma como um processo natural, sem que se
problematize por que esta forma e não outra, quando os dados nos
mostram que ela é excludente e discriminatória, não cumprindo com os
princípios de uma educação pública que, se não é possível para todos,
que o seja para aqueles que não terão possibilidades de acesso ao
ensino privado e para negros e índios, historicamente marginalizados na
divisão social brasileira. É preciso considerar aqui a análise do
professor José Jorge de Carvalho (2006) na discussão da proposta de
cotas na UnB. Segundo o autor, não há equivalência entre exclusão
social de brancos e exclusão social de negros, porque apesar de termos
no país alguns momentos de mobilidade social, o mesmo não se pode dizer
quanto à mobilidade racial, que tem sido “extremamente restrita” no
Brasil. Assim não podemos afirmar que estudantes brancos e negros
pobres estão em igualdade de condições na luta pela ascensão social,
pois o problema social e a desvantagem do negro são causados também
pela discriminação racial. Concordarmos com a afirmação de que a renda
familiar no Brasil é um fator importante para definição de quem entra
na universidade e, portanto, defendemos cotas raciais, além das
sociais, considerando que entre estudantes pobres, os negros sofrem
desvantagens por estarem nas faixas de pior distribuição de renda em
relação aos estudantes brancos, que já contam com uma vantagem de
escolaridade frente aos negros.
Consideramos também que a proposta de uma prova de “habilidades
cognitivas” conforme defendem alguns colegas, não muda o processo atual
do vestibular na UFRGS, pois o mérito continua sendo o primeiro
critério. No sistema de cotas os estudantes negros e pobres farão as
provas e serão avaliados. O mérito continuará sendo um critério, mas
não o único e nem o primeiro. Além disso, estes estudantes ao
ingressarem na universidade serão avaliados como os demais e terão que
apresentar desempenho acadêmico. Possíveis defasagens de formação
poderão ser compensadas por outras iniciativas na universidade,
considerando que “habilidades cognitivas” se desenvolvem ao longo da
vida acadêmica. Estudos já realizados com estudantes que ingressaram em
universidades por sistema de cotas comprovam que o desempenho acadêmico
destes é igual, ou até maior, em alguns casos, que outros estudantes
ingressantes no sistema universal. Incluir mais uma prova para medir
“habilidades”, que o próprio vestibular no sistema atual já mede, é
negar a lógica excludente deste processo e não indica possibilidades de
mudanças nas formas de inserção de estudantes negros e estudantes
pobres no ensino superior.

Referências Bibliográficas: 


CARVALHO,
José Jorge de. Inclusão Étnica e Racial no Brasil: a questão das cotas
no ensino superior. São Paulo: Attar, 2ª edição: 2006.
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Combate de Imagens

Regina Weber, Doutora em História Moderna, Professora do Pós-Graduação em História da UFRGS.

Ainda
são possíveis outros argumentos a favor de ações afirmativas, tais como
o são as cotas no ingresso do ensino universitário.
As cotas não
terão a virtude de resolver e nem mesmo de minorar os problemas da
pobreza do país. Elas são uma forma de tentar dissociar um determinado
grupo étnico da imagem da miséria e outras mazelas de nossa sociedade.
Para
o senso comum essa associação existe e não parece ter data para
diluir-se; isto é, o senso comum brasileiro é racista e nem mesmo os
casamentos interétnicos e sua prole mestiça têm acabado com isso. E
porque permanece esse preconceito com os negros, se a escravidão que
lhe deu origem já acabou há tanto tempo? Tomando o argumento de
Wallerstein, alguém tem que fazer os trabalhos desqualificados mesmo na
igualitária sociedade capitalista e democrática. Para viver
integradamente em uma sociedade, alguns grupos tendem a adequar-se aos
nichos profissionais que lhe são reservados.
O
que as cotas podem favorecer é o surgimento de uma classe média negra,
processo já em curso, de modo a tornar mais freqüente a imagem de
negros em posições socialmente reconhecidas, autônomas. Isso teria
efeito tanto sobre os próprios negros como sobre os outros. Nosso
sistema econômico já produziu muitas crianças loiras faveladas, mas
industriais negros praticamente não existem.
E porque esse grupo tem
necessidade de um reforço institucional para isso, para esse combate de
imagens? Uma razão é que a associação de um estamento inferior, causada
por uma longa escravidão, a um traço fenotípico teve um efeito de longo
prazo, certamente maior que as tranças que deveriam portar os chineses
durante a dominação mandchu ou as tarjas do período nazista. A
sociedade atual tem que se mostrar melhor que a do passado; há uma
conta a ser paga e é preciso saldá-la. Enquanto as imagens negativas –
extensas e amplas – de um determinado grupo étnico persistirem, um
bônus social deve ser depositado, favorecendo esse mesmo grupo em sua
luta contra as mesmas. A existência desta salvaguarda institucional, em
si mesma, já um alerta de que a manutenção de uma confortável imagem de
superioridade por parte dos brancos – obtida por herança – tem um
tributo a pagar.
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Paim se diz indignado com atos racistas praticados no RS

Fonte: Agência Senado

O senador Paulo Paim (PT-RS) se disse nesta
quarta-feira, 27, indignado com os atos que ele qualificou como
racistas, praticados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), que está debatendo a adoção de quotas raciais em seu
vestibular. De acordo com Paim, há pichações no campus universitário
ofendendo os negros. Durante seu discurso, Paim leu artigo publicado
pelo jornalista Paulo Santana criticando o racismo.


Demonstraremos toda a nossa solidariedade à Universidade e a nossa
indignação contra a postura desses grupos nazistas, fascistas, diria,
que estão envergonhando parte do povo gaúcho – disse Paim, referindo-se
a visita que ele e a deputada Maria do Rosário (PT-RS) planejam fazer
ao reitor da UFRGS.

O senador gaúcho também lamentou os recentes
casos de violência envolvendo jovens, como os casos dos estudantes que
agrediram uma empregada doméstica no Rio de Janeiro e de uma briga de
torcedores no Rio Grande do Sul que terminou com a morte de um deles.

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As Cotas Raciais

Por Paulo Santana, publicado originalmente no site da Zero Hora

De repente, terá aflorado a vocação racista gaúcha e brasileira nas
pichações feitas em torno do Campus Central da UFRGS e no Orkut, com
base na discussão sobre as cotas raciais para ingresso nas
universidades?

As pichações são de uma violência verbal
revoltante: "Negro, só se for na cozinha do Restaurante Universitário".
"Voltem para a senzala".

E a mais sórdida frase racista que já li, no Orkut: "Eu não tenho culpa de ter nascido com a cor certa".

***

Se
eu estivesse indeciso sobre o mérito das cotas raciais, depois de ter
lido essas frases me declararia inteira e definitivamente a favor
delas.

Por isso só é que gostaria de saber se essas frases
foram escritas mesmo por brancos. Se elas refletem mesmo o ódio e
desprezo que são dedicados aos negros ou se foram postas no muro e na
Internet apenas para garantir maior apoio às cotas raciais.

***

Eu
tendo a ser favorável às cotas raciais. Porque na Bahia 85% da
população é constituída por negros. E freqüentam o Ensino Superior em
torno de apenas 10% de negros. Se é assim na Bahia, pior deve ser nos
outros Estados.

Isso é a exacerbação clara e manifesta contra
uma raça, impedida de ter acesso ao progresso pessoal, profissional e
social através dos séculos.

***

Dir-se-á
que a discriminação no ensino brasileiro não é racial, é social, os
pobres não têm acesso a universidades públicas, negros e brancos, o que
é verdade.

Na Bahia, a cota social resolveria o problema. Como
a maioria arrasadora da população é negra, fatalmente com a cota racial
os negros acabarão ingressando na universidade.

Mas e nos
outros Estados, onde a maioria dos pobres é branca, como se poderia
regenerar a passos largos a discriminação ancestral contra os negros?
Nunca se daria.

Acabaria acontecendo que mais brancos ingressassem nas universidades gratuitas: dessa vez os brancos pobres.

***

O
ideal é que se fizesse a cota racial junto com a cota social. Os
negros, discriminados não só na universidade como nos empregos,
poderiam então aos poucos obter a revanche histórica contra a opressão
amassante que sempre sofreram concorrendo com as duas chances.

É
muito difícil compreender que se deva dar um privilégio aos negros para
ingresso no Ensino Superior público. Porque é muito difícil de entender
que haja racismo no Brasil.

Pelo simples fato de que a maioria
larga dos racistas não sabe que é racista, não tem consciência de que
discrimina. Só se conhecerá a si própria no dia que a filha vier
anunciar que está namorando um negro. Como é muito raro uma branca
namorar um negro, essa falta de consciência vai perdurando pelos
séculos.

***

O que tem de ser eliminado é
o privilégio gritante das camadas economicamente mais altas da
população, que vêm tendo através dos tempos a exclusividade para
ingresso nas universidades públicas. Um monopólio dilacerante para os
pobres.

Se na universidade pública têm assento quase que
privativo as elites, nas privadas nem se fala. O que se cobra hoje de
mensalidades nas universidades privadas torna completamente proibitivo
aos pobres acessá-las.

Temos então dois círculos de inferno para os pobres e os remediados: o âmbito escolar público e o privado.

***

O
certo talvez seja que a universidade pública fosse destinada em metade
de suas vagas para os menos favorecidos economicamente, entre eles os
negros, mas também sem deixar de favorecer os brancos e os mestiços sem
poder aquisitivo.

É que foi tão gritante através dos tempos o
preconceito contra os negros, salta tanto aos olhos que os negros não
freqüentam nenhum dos andares mais altos da camada social,
econômico-financeira e cultural, que grita aos céus uma igualdade para
eles.

E a única forma da grande revanche tem de se dar no ensino gratuito.

Se
eu tivesse certeza de que essas frases pérfidas que estão sendo
pichadas nos muros da cidade e escritas no Orkut contra os negros são
mesmo de autoria de brancos racistas, não teria mais qualquer dúvida de
que é imperiosa, imprescindível e redentora a instituição das cotas
raciais nas universidades públicas brasileiras.

Seria o
primeiro grande passo para virar esse jogo desigual em que os negros
até agora, desde a fundação do Brasil, só têm direito a perder.

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Kuaray do Sul

http://br.youtube.com/watch?v=viFKbD2Vuyw

 
Kuaray do Sul é uma
reportagem cinematográfica em busca do mito guarani Sepé Tirajú. De
como sua luz se manifesta na atualidade: no espírito, no coração e nas
ações de pessoas simples. Na guerreira gente que luta na vida por
terra, por sentimento de comunidade, afirmação cultural, percepção de
tempo milenar e dignidade às nossas e às futuras gerações.


A
contemporaneidade da injustiça de dois séculos e meio atrás: a
realização de uma assembléia popular, em fevereiro de 2006, na cidade
gaúcha de São Gabriel, antigo povoado de Batovi, nas Missões
jesuíticas, que conseguiu reunir mais de 10 mil pessoas, entre índios
guaranis (do Brasil, Paraguay e Argentina) e kaingangs, agricultores
sem-terra, trabalhadores do campo e da cidade, comunidades quilombolas,
a juventude de movimento. Lutadores.


Há 250 anos, Sepé levou seu
povo para o combate, foi dizimado em corpo e reavivado em almas. Líder
missioneiro que enfrentou a tirania do desenvolvimento cego do homem
branco colonizador. O selvagem português. O selvagem espanhol.


Kuaray
do Sul conta história de uma liderança verdadeira, que representa o
sentimento de força do índio em seu modo de estar vivo até hoje. Apesar
do massacre que se abateu sobre o povo guarani. Apesar dos 250 anos de
uma tristeza que não se apaga. Por que nasce a cada dia para manter a
resistência dos que têm o destino e o direito de serem indígenas.


Batalha por terra e liberdade. São as falas deste filme.
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Negro Drama

Racionais MC – Negro Drama

 

Nego drama,
Entre o sucesso e a lama,
Dinheiro, problemas,
Inveja, luxo, fama.

Nego drama,
Cabelo crespo,
E a pele escura,
A ferida, a chaga,
A procura da cura.

Nego drama,
Tenta ver
E não vê nada,
A não ser uma estrela,
Longe meio ofuscada.

Sente o drama,
O preço, a cobrança,
No amor, no ódio,
A insana vingança.

Nego drama,
Eu sei quem trama,
E quem tá comigo,
O trauma que eu carrego,
Pra não ser mais um preto fudido.

O drama da cadeia e favela,
Túmulo, sangue,
Sirene, choros e vela.

Passageiro do brasil,
São paulo,
Agonia que sobrevivem,
Em meia as zorras e covardias,
Periferias,vielas e curtiços,

Você deve tá pensando,
O que você tem haver com isso,
Desde o início,
Por ouro e prata,

Olha quem morre,
Então veja você quem mata,
Recebe o mérito, a farda,
Que pratica o mal,

Me vê,
Pobre, preso ou morto,
Já é cultural.

Histórias, registros,
Escritos,
Não é conto,
Nem fábula,
Lenda ou mito,

Não foi sempre dito,
Que preto não tem vez,
Então olha o castelo e não,
Foi você quem fez cuzão,

Eu sou irmão,
Dos meus truta de batalha,
Eu era a carne,
Agora sou a própria navalha,

Tim..tim..
Um brinde pra mim,
Sou exemplo, de vitórias,
Trajetos e glorias.

O dinheiro tira um homem da miséria,
Mais não pode arrancar,
De dentro dele,
A favela,

São poucos,
Que entram em campo pra vencer,
A alma guarda,
O que a mente tenta esquecer,

Olho pra trás,
Vejo a estrada que eu trilhei,
Mó cota
Quem teve lado a lado,
E quem só fico na bota,
Entre as frases,
Fases e várias etapas,

Do quem é quem,
Dos mano e das mina fraca,

Hum..

Nego drama de estilo,
Pra ser,
E se for,
Tem que ser,
Se temer é milho.

Entre o gatilho e a tempestade,
Sempre à provar,
Que sou homem e não covarde.

Que deus me guarde,
Pois eu sei,
Que ele não é neutro,
Vigia os rico,
Mais ama os que vem do gueto,

Eu visto preto,
Por dentro e por fora,
Guerreiro,
Poeta entre o tempo e a memória.

Hora,
Nessa história,
Vejo o dólar,
E vários quilates,

Falo pro mano,
Que não morra, e também não mate,

O tic tac,
Não espera veja o ponteiro,
Essa estrada é venenosa,
E cheia de morteiro,

Pesadelo,
Hum,

É um elogio,
Pra quem vive na guerra,
A paz nunca existiu,
Num clima quente,
A minha gente soa frio,
Vi um pretinho,
Seu caderno era um fuzil.

Um fuzil,
Negro drama.

Crime, futebol, música, caraio,
Eu também não consegui fugi disso aí.
Eu so mais um.
Forrest gump é mato,
Eu prefiro conta uma história real,

Vô conta a minha….

Daria um filme,
Uma negra,
E uma criança nos braços,
Solitária na floresta,
De concreto e aço,

Veja,
Olha outra vez,
O rosto na multidão,
A multidão é um monstro,

Sem rosto e coração,

Hey,
São paulo,
Terra de arranha-céu,
A garoa rasga a carne,
É a torre de babel,

Famíla brasileira,
Dois contra o mundo,
Mãe solteira,
De um promissor,
Vagabundo,

Luz,
Câmera e ação,

Gravando a cena vai,
Um bastardo,
Mais um filho pardo,
Sem pai,

Ei,

Senhor de engenho,
Eu sei,
Bem quem você é,
Sozinho, cê num guenta,
Sozinho,
Cê num guenta a pé,

Cê disse que era bom,
E a favela ouviu, lá
Também tem
Whiski, red bull,
Tênis nike e
Fuzil,

Admito,
Seus carro é bonito,
É,
Eu não sei fazê,
Internet, video-cassete,
Os carro loco,

Atrasado,
Eu tô um pouco sim,
Tô,
Eu acho,

Só que tem que,

Seu jogo é sujo,
E eu não me encaixo,
Eu sô problema de montão,
De carnaval a carnaval,
Eu vim da selva,
Sou leão,
Sou demais pro seu quintal,

Problema com escola,
Eu tenho mil,
Mil fita,
Inacreditável, mas seu filho me imita,
No meio de vocês,
Ele é o mais esperto,
Ginga e fala gíria,
Gíria não dialeto,

Esse não é mais seu,
Hó,
Subiu,
Entrei pelo seu rádio,
Tomei,
Cê nem viu,
Nóis é isso ou aquilo,

O quê?,
Cê não dizia,
Seu filho quer ser preto,
Rhá,
Que irônia,

Cola o pôster do tupac ai,
Que tal,
Que cê diz,
Sente o negro drama,
Vai,
Tenta ser feliz,

Ei bacana,
Quem te fez tão bom assim,
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim,

Eu recebi seu tic,
Quer dizer kit,
De esgoto a céu aberto,
E parede madeirite,

De vergonha eu não morri,
To firmão,
Eis me aqui,

Voce não,
Se não passa,
Quando o mar vermelho abrir,

Eu sou o mano
Homem duro,
Do gueto, brow,

Obá,

Aquele loco,
Que não pode errar,
Aquele que você odeia,
Amar nesse instante,
Pele parda,
Ouço funk,

E de onde vem,
Os diamante,
Da lama,

Valeu mãe,

Negro drama,
Drama, drama.

Aê, na época dos barraco de pau lá na pedrera onde vcs tavam?
O que vocêis deram por mim ?
O que vocêis fizeram por mim ?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice blue, edy rock e klj, e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você saí do gueto, mas o gueto nunca saí de você, morou irmão
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho ni você, morou
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona ana, sem palavra, a senhora é uma rainha, rainha
Mas ae, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

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Redemption Song (Canção de Redenção)

 http://br.youtube.com/watch?v=XW9JsLHXafE

Bob Marley – Redemption Song 

Old pirates, yes, they rob I; Sold I to the merchant ships, Minutes after they took I From the bottom less pit. But my hand was made strong By the hand of the Almighty. We forward in this generation Triumphantly. Won't you help to sing these songs of freedom 'Cause all I ever have: Redemption songs, Redemption songs Emancipate yourselves from mental slavery; None but ourselves can free our minds. Have no fear for atomic energy, 'Cause none of them can stop the time How long shall they kill our prophets, While we stand aside and look Oh! Some say it's just a part of it: We've got to fulfill the book. Won't you help to sing these songs of freedom 'Cause all I ever have:
Redemption songs Redemption songs Redemption songs Emancipate yourselves from mental slavery; None but ourselves can free our mind. Wo! Have no fear for atomic energy, 'Cause none of them-a can-a stop-a-the time How long shall they kill our prophets, While we stand aside and look? Yes, some say it's just a part of it: We've got to fulfill the book. Won't you help to sing These songs of freedom? – 'Cause all I ever had: Redemption songs – All I ever had: Redemption songs: These songs of freedom, Songs of freedom.

Tradução 

Velhos piratas, sim eles me roubaram me venderam para navios mercantes,
minutos depois eles me jogaram no porão mas minhas mãos foram
fortalecidas pelas mãos do todo poderoso, nós avançamos triunfantemente
nessa geração, tudo o que eu sempre tive foram canções de liberdade,
voce não irá ajudar-me a cantar essas canções de liberdade?, porque
tudo o que eu sempre tive foram canções de liberdade, canções de
redenção. Liberte-se da escravidão mental ninguém além de voce pode
libertar sua mente, não tenha medo da energia atômica, porque eles não
podem parar o tempo, por quanto tempo vão matar nossos profetas,
enquanto nós permaneceremos de lado olhando. Sim, alguns dizem que é
apenas uma parte nós temos que cumprir o livro. Voce não ira ajudar-me
acantar essas canções de liberdade?, porque tudo o que eu sempre tive
foram canções de redenção. Tudo o que eu sempre tive foram canções de
redenção essas canções de liberdade, canções de liberdade.

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Fogo no Pavio

GOG – Fogo No Pavio

Ele mentiu! Ele mentiu! Ele mentiu! (Eu não vi esta lista! Eu não
recebi! Não entreguei, não tive notícias dela! … Eu li!) Você vai ver
como um político pode usar a mesma veemência para mentir ou para dizer
a verdade!)

Amanheceu e as paradas lotadas, o mesmo gado já não
tão novo e suas marcas, o calor, a multidão, a fila pra (pra pra) pegar
a condução. A escravidão, as chibatadas levadas na senzala se mantém
vivas todo dia no quarto sala: amordaçados por horas em frente à
televisão! Efeito bem pior que o da radiação… “País infeliz,
bombardeado pela alegria” Tom Zé define assim expressando sabedoria!
Vou lhe fazer uma confissão um desabafo: às vezes sinto vontade de
jogar tudo pro alto! Mas que nada! Não vou me entregar às armas ou à
guerra, quem sabe faz a hora não espera. FHC Joaquim Silvério dos Reis
dos dias atuais, traidor da nação, um dólar a mais! Caixa dois até a
boca! Dignidade é pouca! Impune, à solta, merece a forca! Vendeu a
própria alma sem trauma! Dificilmente esse, o salmo salva! Poesia,
verso, rima, prosa! Envenenado pelos livros, Em Nome da Rosa! Infância
proibida! País infanticida! 57 mil se vão na primeira semana de vida!
Fábrica de anjos. A marmita do pai ao laudo, somado ao saneamento
básico confira o saldo: Brasil pecado, realidade trágica, estômagos
vazios à espera de cestas básicas… Salário mínimo: atentado,
incentivo ao crime maluco! Congresso, Planalto assalto de vida em um
lucro! Xadrez! De vez! Para esses canalhas! Ou que ardam nas fornalhas,
pagando por suas falhas!

Revolucionários do Brasil! Fogo no pavio! Fogo no pavio! Fogo no pavio! 4x

O
pé inchado, mãos calejadas, já pegou pesado na enxada! A prostituta
odiada sonha ver a filha formada! Povo nas ruas é dinamite, campo
minado, exigindo 20 de novembro feriado! Zumbi o herói dos libertários
guerreiro daqui! DMN “H. Aço” é necessário ouvir”, ler Ferréz, Sérgio
Vaz, e quem sabe se libertar das algemas da carne! Fábrica da Vida
motor que trabalha 24 horas por dia! Nó na garganta, lembranças, álbuns, fotos, fotografias: combustíveis altamente inflamáveis pra mim! Caros
Amigos, Princípios, Pasquim! Eu vi a célula-mãe se multiplicar, eu vejo
o câncer, querendo se instalar. Nas artérias tenho o sangue da
indignação, G.O .G. (G.O .G! G.O .G! Guerreiro da Revolução!) Querem
fazer do Brasil e da América Latina uma latrina! Segue assim a diária
chacina! Espancamentos, processos lentos sem punição, um seriado sem
fim, uma ficção. Capitalismo puro é isso! O feto dejeto no lixo!
Negociação com o patrão por um salário fixo… Fio condutor, o
torturador da gravata, que no dia da eleição te transporta de graça!
Embalsamados pelo manto da desordem! Se dizem líderes de uma geração!
Até no travesseiro recebem ordens chega! Basta! Não! (Não! Não!) Surge
o embrião! O trem da vida prepara a partida está bem vazio, a burguesia
que valoriza a carne perderá o espírito! Xadrez! De vez! Para esses
canalhas! Ou que ardam nas fornalhas, pagando por suas falhas!

Revolucionários do Brasil! Fogo no pavio! Fogo no pavio! Fogo no pavio! 4x

<Eu
tenho sempre esta opinião> Família G.O .G. pode crê… <Por isso
vive em paz meu coração> Paz então irmã, então irmão! < Te amo
para quem for maltratado…> Como maltratam o Brasil: ACM, FHC, o
Sistema é a bomba e o pavio: só que o Preto aqui é o estopim em vinil!

Revolucionários do Brasil! Fogo no pavio! Fogo no pavio! Fogo no pavio! 4x

(Para a vítima Brasil……. o Brasil)

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Ciclo de Palestras/Atos pelas cotas raciais no campus central

Hoje (Quarta-Feira 27/06) às 18:00, acontece no auditório da Arquitetura mais um ciclo de palestras e atos relacionados às políticas de ações
afirmativas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Contando com
a presença de professores de diversos cursos de pós-graduação da universidade
e lideranças do Movimento Negro.

As
palestras têm como proposta central gerar um espaço de reflexão
qualificada sobre a pertinência das cotas etnicas e raciais para a
ampliação e construção de uma universidade que contemple diversidade de
perspectivas existentes no Brasil.

 

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O que perdemos com a ausência de indígenas na UFRGS

O que perdemos com a ausência de indígena na UFRGS

Maria Aparecida Bergamaschi, Doutora em Educação
Indígena e Diferenciada – Professora na Faculdade de
Educação da UFRGS.

A ausência completa de
estudantes dos povos indígenas nos cursos de graduação
da UFRGS indicam muitas perdas para a nossa universidade e para as
sociedades não-indígenas, em geral. Além da
presença de outras cosmologias, outros saberes, outros
valores, outros conhecimentos, outros modos de ser e estar no mundo,
perdemos o elo que nos conecta com a ancestralidade de nosso solo
americano, como diz Kusch, ao evidenciar o quanto a nossa América
é indígena – embora negamos isso cotidianamente.

A escola para os índios
foi a que primeiro se estruturou no Brasil, uma escola que seguiu os
passos da colonização, “branqueando”,
criastianizando, esforçando-se para integrar os povos
indígenas na “comunidade nacional” (integrar nas margens).
E por mais de cinco séculos as sociedades indígenas
resistiram, mantendo-se indígenas, mas transformando-se de
muitas maneiras por suas dinâmicas culturais e, sobretudo,
forçados pela ocupação violenta e desrespeitosa
dos povos não-indígenas. Na escola feita para os
índios, as sociedades indígenas que a freqüentaram
mantiveram seus valores, mantiveram sua língua, muitas vezes
silenciada – algumas vezes até apagadas e substituídas
pela língua do colonizador. Fiéis aos modos de vida
tradicionais, silenciosamente transformaram a escola nas aldeias,
tomando para si o protagonismo da educação escolar.
Os dados do Censo Escolar 2005
(INEP / MEC) apontam
a existência de 2.324 escolas funcionando nas terras indígenas
brasileiras, atendendo a 164 mil estudantes. Nestas escolas trabalham
aproximadamente 9.100 professores, 88% deles indígenas,
empenhados em construir propostas pedagógicas condizentes com
suas cosmologias.

No Rio
Grande do Sul são mais de 50 Escolas Indígenas de
Ensino Fundamental específicas, diferenciadas e bilíngües
em terras indígenas Kaingang e Guarani, cerca de 350
professores indígenas que atendem 5.200 alunos das duas
etnias. Os povos Kaingang e Guarani lutam também por escolas
de Ensino Médio e quiçá um dia, a exemplo dos
povos indígenas canadenses e estadosunidenses, uma
universidade indígena – numa aldeia. No Brasil já
existem universidades públicas com cursos de graduação
indígenas, como por exemplo a UNEMAT, que já formou a
primeira turma de professores de várias etnias indígenas,
a Faculdade de Educação da USP e da UFMG, entre outras.
E as cotas para indígenas em todos os cursos é uma
realidade em muitas universidades brasileiras, como a UFPR, a UFBA, a
UnB, só para citar algumas. A UFRGS está atrasada nesse
processo e perde com isso.

Kaingang e
Guarani querem e precisam da universidade que lhes foi negada. Mas
também nós, da universidade, das sociedades
não-indígenas, precisamos de estudantes indígenas
na UFRGS, para aprender na prática a nossa história,
para evocar à memória a lembrança de nossa
ancestralidade, para conviver com outros saberes e valores e,
principalmente, para dirimir os fortes preconceitos que permeiam as
relações com as sociedades indígenas.

Os povos
indígenas querem e precisam da universidade e, nesse momento
Kaingang e Guarani não falam em universalizar o acesso à
universidade, mas estrategicamente formar algumas pessoas das aldeias
para exercerem funções e cargos historicamente ocupados
por não-indígenas: professores, gestores de
instituições e ações governamentais
indigenistas e outros tantos profissionais especializados para tratar
das questões que estão fora da sociedade indígena,
mas que lhes diz respeito. Querem e precisam da universidade para
dialogar com a sociedade não-indígena.

Querem,
precisam e têm direito à universidade, à
universidade pública, à UFRGS. Abrir as portas da UFRGS
para os povos indígenas, mesmo que uma pequena fresta, é
um gesto de reconhecimento da ancestralidade indígena
americana. É acolher uma presença que é indígena
em primeiro lugar, presença negada historicamente. Acolher
essa presença é ganhar em conhecimentos, em valores, em
saberes. É acolher a nossa ancestralidade!

Por uma
política pública que afirma o ingresso e a presença
dos povos indígenas na nossa universidade que, para ser nossa,
tem que ser de todos.

SIM ÀS
COTAS PARA NEGROS E INDÍGENAS NA UFRGS!

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