A UFRGS é
uma das universidades mais segregadas racialmente em todo o planeta!
Vivemos um
verdadeiro Apartheid!
Nós nos
envergonhamos disso!
Não aceitamos
mais
tapar os
olhos.
E você
?
O
não-racista não é aquele que “não tem nada contra os negros e
índios”. O não-racista é aquele que toma uma atitude para transformar
a situação dos negros e índios.
Somos o 2°
pais em população negra no mundo! 47% dos brasileiros são negros!!
Mas apenas
2% dos jovens negros estão em universidades…
Por que na
UFRGS menos de 2% dos estudantes e 0,3% dos professores são negros?
Por que em cursos como medicina, direito, psicologia, odontologia, informática,
só vemos brancos?
Podemos usar
as palavras e justificativas que quisermos pra amenizar, mas isso não
é menos que APARTHEID!
A sociedade brasileira se formou sobre bases racistas, e a idéia de
que negros e indígenas são inferiores aos brancos formou nossa cultura
e moldou nossas instituições. Sofremos com um racismo estrutural
que privilegia brancos em todas nossas relações e instituições.
Mesmo que você ou eu nunca tenhamos pensado em termos raciais, todos
nós tivemos nossas vidas moldadas dentro deste sistema de relações
racistas. As vidas de todos nós, as nossas e a sua, foram construídas
por este conjunto de relações que privilegiam brancos e prejudica,
dia-a-dia, negros e indígenas.
E a universidade brasileira, por nunca ter atacado diretamente este
racismo estrutural de nossa sociedade, reproduz e
radicaliza, a exclusão de negros e
indígenas. A meritocracia é uma mentira: se somos brancos,
fomos privilegiados, mesmo que tenhamos trabalhado duro para chegar
onde estamos. Se queremos realmente justiça aos méritos de cada
um não temos saídas: ou criamos Ações Afirmativas, no sentido
de atacar diretamente os pontos onde este
racismo estrutural se manifesta e reproduz, ou eternamente veremos
o abismos entre negros, indígenas e brancos se radicalizar…
O
que são Ações Afirmativas?
São
conjuntos de ações que têm como objetivo reparar os aspectos discriminatórios
institucionais e sistêmicos que impedem o acesso de pessoas pertencentes
a diversos grupos sociais às mais diferentes oportunidades. Considerando
que estas populações sofrem diversos processos de exclusão estrutural,
somente com ações estruturais de promoção
específica de sua inclusão é possível reverter tal quadro.
Por que
cotas? As cotas em universidades consistem em estabelecer uma
reserva de vagas
para pessoas
pertencentes a certos grupos, que ao longo de sua trajetória foram
impedidos de acessar os recursos necessário para ingressar neste espaço.
NAO É
FAVOR, É DIREITO!!
Negros e indígenas não precisam das cotas, entrar na universidade
é seu direito. Quem precisa de cotas é a universidade, que
tem um método tão excludente de seleção de alunos que, sem estabelecer
para si mesma uma cota mínima de negros,
indígenas e alunos de escolas públicas, acaba por sempre excluir estas
populações.
E por
que raciais?
As cotas raciais
possibilitam diminuir as disparidades entre o grupo privilegiado, branco
e os grupos excluídos, negros e indígenas. Além disso, falar de cotas
estimula o debate sobre a discriminação racial, denuncia o absurdo
de uma sociedade multiétnica, mas que contempla em suas universidades
apenas o segmento branco. Através das cotas de recorte étnico-racial
reverte-se esse quadro, agindo sobre as conseqüências da escravidão
do negro e da expropriação e marginalização do indígena nesse
país.
As Ações
Afirmativas não são apenas uma forma de reparação histórica aos
danos causados pelos brancos no passado. São medidas para combater
a atualização destas estruturas racistas que continuam organizando
a nossa sociedade hoje, perpetuando, assim, a segregação racial.
Uma outra forma de racismo…?
Pelo contrario,
o debate sobre as cotas apenas evidencia a divisão racial existente,
mas que normalmente é mascarada. Ao contrário do que se diz, esta
política não fere o princípio da igualdade, pois defender as cotas
é contribuir para pôr em prática este princípio constitucional.
Possibilitar um acesso diferenciado a um grupo, devido ao modo como
foi tratado ao longo da história, com menos oportunidades e em desvantagem,
é uma tentativa de diminuir essa desigualdade e não de prolongá-la,
garantindo estes direitos básicos. É assumir que existe uma desigualdade
procurando repará-la. As cotas raciais não recriam as raças,
apenas põem a mostra o câncer que destruía nossa sociedade às escondidas.
Não se combate uma doença sem tomarmos consciência de que ela existe
em nós. É duro, exige coragem, e muitas vezes, cortar na própria
pele, mas você deixaria um câncer agindo em você apenas para
não falar sobre ele?
Por que
não instituir cotas apenas para escolas públicas?
Apesar de
ser importante esse tipo de iniciativa, ela não atinge diretamente
o problema do racismo. O seu caráter universalista não tem forca para
atacar a questão. A idéia de políticas universalistas de inclusão
é o ideal de todos nós, mas temos que reconhecer a realidade que temos:
se você pegar os dados de todos os problemas sociais brasileiros universalmente
atacados e com resultados positivos nos últimos anos (mortalidade infantil,
alfabetização, geração de empregos, ACESSO À UNIVERSIDADE…),
em todos você perceberá uma inclusão menor de negros e indígenas.
Não há
como ser neutro nesta problemática. Manter o que temos, é manter privilégios!!
As políticas
de Ações Afirmativas têm de ser complementadas com investimentos
massivos na educação publica em todos os seus níveis, distribuição
de renda e geração de postos de trabalho dignos. Mas nada disso é
alternativo as cotas. Sem as Ações Afirmativas de corte racial, reproduziremos
eternamente a exclusão de negros e indígenas. Aqueles que entrarem
pela reserva de vagas, e todos seus milhares de apoiadores dentro e
fora da universidade formarão um grande movimento pelo avanço das
políticas de universalização da cidadania brasileira, conscientes
de que este é apenas um PRIMEIRO e por isso, INDISPENSAVEL passo rumo
a muitas lutas e vitórias necessárias.
AGENDA DE
MOBILIZAÇÃO
24/06
– TÁ NA HORA DA DIVERSIDADE
10:00
– BRIQUE DA REDENÇÃO
Mobilização
político-cultural.
No arco.
26/06
– TÁ NA HORA DA DIVERSIDADE
14:30
– Oficina de samba de roda, com abordagem de Capoeira de Angola
– Mestre Chico e Dano.
Oficina
de artesanato negro.
Centro de
Vivências – Campus do Vale
18:30
– Ato-palestra com professores da UFRGS e lideranças do movimento
social negro.
Centro de
Vivências – Campus do Vale
27/06
– TÁ NA HORA DA DIVERSIDADE
16:00
– Mobilização político-cultural.
Local: Esquina Democrática.
18:30
– Ato-palestra com professores da UFRGS e lideranças do movimento
social negro. Local: Sala 601 da FACED
28/06
– TÁ NA HORA DA DIVERSIDADE
17:00
– Concentração político-cultural.
Local: DCE/UFRGS
29/06
– TÁ NA HORA DA DIVERSIDADE
Manhã: Café da manhã,
oficinas e votação das cotas no CONSUN.
CONTATOS: